A terceira sonata para piano de Pierre Boulez
A terceira sonata para piano de Pierre Boulez (1957-58) surge da literatura, em particular do livro-projecto de Mallarmé, e representa uma das primeiras formulações de uma obra aberta. O plano da terceira sonata consiste em cinco movimentos que Boulez, usando uma terminologia acústica, designou por formandos. Estes cinco formandos são:
A - Antophonie B - Trope C - Constellation / Constellation-miroir D - Strophe E - Séquence
Apenas os formandos B e C estão publicados e gravados. A terceira sonata, embora inacabada, tem as suas regras fundamentais de construção: é possível trocar A com B e por outro lado trocar D e E, C fica sempre ao meio. O primeiro par (A,B) pode ser trocado com o segundo (D,E), o que justifica C como sendo constelação espelho.
Boulez evoca três imagens ou ideias que dirigem a obra:
- A ideia de obra aberta, que cabe ao executante resumir/acabar, a de work in progress e a ideia de infinitude e permutatividade;
- A ideia de labirinto;
- E, por último, a ideia de um universo em expansão.
As equações de Einstein em Relatividade Geral (RG) são escritas fazendo uso de um tensor denominado tensor de Ricci que por seu lado se obtém por contração do tensor de Riemann com a métrica. Se não veja-se:
e
O que é relevante é que o tensor de Riemann, que é designado por onde a, b, c, d = 1, 2, 3, 4, tem exactamente as simetrias que Boulez impôs à sua terceira sonata para piano e cuja ideia, a de um universo em expansão, tem nas equações de Einstein uma das soluções mais relevantes para a compreensão da evolução do universo.
Palavras chave/keywords: Boulez, Mallarmé, RiemannCriado/Created: NaN
Última actualização/Last updated: 10-10-2022 [14:25]
(c) Tiago Charters de Azevedo